nesta edição:
estilo, vida real e consumismo
a lista de recomendações mensal exclusiva para assinantes.
algumas previsões de tendências que fiz com ajuda das vozes da minha cabeça e como exercício
nota de rodapé com as referências
esse email ficou bem longo, o ideal é clicar em “view in browser” ou “read in app” para ler completo, principalmente se você é assinante e portanto recebeu a versão completa.
vista-se como sua Vênus. se você usa o Tiktok, você viu essa trend alguns meses atrás (se não usa, fico feliz em ser seu canal de contato com aquele universo, eu amo). na minha bolha algorítmica (alimentada meticulosamente) vieram várias versões dessa ideia, sendo "vista-se de acordo com seu marte"1 a minha preferida e eu te explico porquê.
não é estilo, é skin
no fundo, eu não considero nenhuma dessas tendências atuais e "não-sei-o-que-core" / "não-sei-o-que-girl" como algo que as pessoas estão tendendo a consumir/vestir/ser de fato. para mim, são muito mais o reflexo de uma geração que tem acesso a "tudo em todo lugar ao mesmo tempo"2 e com isso sofre com a grande dificuldade de entender o que precisa e o que deseja em meio as infinitas possibilidades de consumo. eu sei que eu sofro.
entrando em um looping de curiosidade, fui juntando vídeos de criadores que me ajudaram a co-pensar essa tese: não são microtendências, são múltiplas skins3. ter múltiplas facetas visuais é divertido, é ser cada dia algo diferente, uma versão diferente de você. a internet permite isso.
e se "a vida imita a arte", hoje ela também imita a internet. e nossa existência online tem um peso tão grande quanto a “existência profissional” tinha para nossos pais. somos pessoas diferentes na internet (em relação a vida offline), como eles eram pessoas diferentes no trabalho (em relação a quem eram na vida pessoal).
ser alguém na internet é para o millenial o que ser alguém no mercado era para o boomer4. é um sinônimo de segurança e status — e isso não tem nada de fútil, está no nosso DNA a necessidade de ser percebido como importante para o grupo, está em nossa casa 10. o que me traz de volta a astrologia.
o signo de Marte conta as batalhas que você enfrenta diariamente. podemos traduzir como "as dinâmicas do seu dia-a-dia", ou "como você faz o que faz", em uma versão bem livre e despreocupada, voltada apenas para a metáfora.
então embora exista uma liberdade em vestir e consumir versões diferentes de si mesmo, a maioria de nós acorda todos os dias para a mesma versão da própria vida. e é isso que acho interessante na ideia da Cece sobre vestir-se de acordo com seu marte.
se vestir para expressar a vida de dentro
as pessoas estilosas de verdade e de maneira atemporal, geralmente tem uma vida cheia de referências. elas coletam experiências que acabam sendo expressas em como elas se vestem. elas colecionaram vida antes de colecionar peças.
esta é uma chave, uma sacada. que funciona ainda mais se adicionado um toque de “se vestir para o que você quer que aconteça”, porque comunicar os lugares que você deseja ocupar é um primeiro passo para chegar lá. com essas informações (o que eu vivo e o que eu quero viver) conseguimos construir um armário que faz sentido, que representa algo e diz mais do que "oi, eu tenho uma conta no Pinterest e limite no cartão".
e claro, com a liberdade de se vestir para sentir que passou férias na Itália5, que foi a esposa de um mafioso6, ou que você é a gata Marie7. se fantasiar é sempre uma boa (e pisciana) opção.
mas em termos de usar seu rico dinheirinho, eu (e meus 3 anos de faculdade de Moda, formação em astrologia, e recente interesse em cool hunting) te diria para manter a fantasia nos 20%, e pensar em consumir 80% do que representa sua vida offline e o que você quer que faça parte dos seus dias.
poxa, Ananda, mas o meu gosto pessoal é tão distante da vida que eu tenho! eu não posso me vestir como se eu fosse herdeira só porque não sou?
é claro que pode, e aqui entra meu lado coach: vista o que quiser, mas perceba que o que você quer, no fundo, é maior. não é a bota, é fazer aula de equitação.
então vai lá e agenda uma aula experimental, boba.
junta dinheiro para sua viagem para Roma ao invés de comprar um monte de blusinha xadrez. pense em experienciar, antes de consumir.
objetos são símbolos, eu sei. veja, eu torço para que você tenha coisas bonitas que te inspirem, principalmente enquanto você está construindo sua vida. mas percebe como isso é muito diferente de entupir seu armário e sua casa com roupas e itens que não são exatamente aquilo que você quer?
consumir sempre vai ser mais fácil que ir atrás da realidade. mas se for para consumir, vá atrás do seu real desejo (terapia também te ajuda nisso). não deixa o capitalismo te convencer que mais uma bota, mais uma marca ou uma mais dívida te deixarão mais feliz no longo prazo, certo?
e depois desse papo que parece anti-consumo, vem a minha lista de recomendações mensais com o que tem estado em minha mente ou wishlist (porque se não for para ser um paradoxo eu nem abro o notebook.)
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