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eu estive doente por uma semana. entre um pouco de febre e muito paracetamol, claro, eu estava ansiosa. estávamos prestes a começar ações de black friday, e elas são complicadas e cheias de detalhes. esse pequeno episódio de novembro me levou diretamente para aquele sentimento de “por quê agora, por quê eu?”.
ainda assim, celebrei uma mudança importante: a aceitação do pedido do meu corpo por doses altas de descanso, carboidratos e Gilmore Girls. resignada, tomei uma quantidade ridiculamente enorme (para mim) de remédios, não dei conta de nada por 7 dias, e estou atolada de coisas para fazer, mas venci a batalha contra a nóia da produtividade. antes, eu teria me feito o desserviço de reclamar mentalmente 24/7 e, desesperada, criado estratégias ainda mais complicadas para compensar minha pausa (e, sutilmente, me punir).
tinha outros planos para as próximas edições da newsletter, mas achei a oportunidade pertinente para escrever sobre uma pergunta cuja resposta tem muitas camadas: como eu “dou conta” de tudo.
essa pergunta é frequente e, sinceramente, uma das que mais me entedia. com toda a empatia por quem faz a pergunta, mas sempre com uma pitada de amargura, me pego pensando: "o que em mim ainda produz essa ilusão de que dou conta de tudo?"
aí me lembro: sou uma profissional de produtividade*1, entre tantas coisas, que usa a internet para trabalhar (aka, criadora de conteúdo). e pronto. a narrativa está pronta, sou colocada no mesmo balaio de influencers de lifestyle, da Manu Cit*2 e de gurus de marketing. a narrativa é a de que ensino (ou “dou dicas”) sobre algo que já superei (mais sobre isso em outro momento).
porque esse assunto é longo e quero muito falar sobre ele, dividi a pergunta em três partes que responderei em três edições:
como: parte I
o que eu faço para conseguir… fazer o que eu faço.
dar conta: parte II
como sou meticulosa com o que se torna da minha conta.
de tudo: parte III
o que importa ou não, porque “tudo” é coisa demais.
tem muito que quero “desempacotar” sobre, como você pode ver, e, dada a constância da pergunta, imagino que isso esteja no inconsciente coletivo. tive muito tempo de molho nos últimos dias para pensar sobre e prometo que vou tentar fazer o tema ficar divertido tanto quanto ele puder ser.
então, nessa primeira parte vou compartilhar o que tenho feito para que a casa não caia3 nos momentos em que minha produtividade está baixa e a vida não pode parar. e também um pouco do que faço para que minha produtividade não despenque tanto, sendo mais como saudáveis ondas subindo e descendo, e não uma queda livre.
se você quer dar conta de mais coisas
você só precisa de 25 minutos de cada vez.
e de uma pausa de 5 minutos entre eles. a vida em blocos é muito mais fácil de gerenciar, e seu cérebro vai gostar muito mais de fazer qualquer coisa, com o tempo. eu conheço a técnica do Pomodoro (25' foco + 5' pausa) há muitos anos, mas foi só em 2024 que eu a incluí em quase tudo o que faço nos bastidores do meu trabalho e em algumas outras atividades da vida. além disso, sempre mantenho no máximo 3 Pomodoros (1h30) seguidos e faço uma pausa maior entre esses blocos. se você quer terminar seu dia menos cansada, evite a “multitarefa” e o “hiperfoco”; o pomodoro ajuda em ambos. eu gosto de usar esse áudio aqui*4, por motivos de: diversão.
você precisa internalizar que o feito é melhor que o perfeito-não-feito.
e que o “malfeito” pode ser melhorado; o “não-feito” não tem chance nenhuma de evolução. fazer as coisas é nossa única forma de viver na realidade e fora das nossas cabeças. e por mais cabeçuda que eu seja, em algum momento eu parto para a ação pelo simples desejo de ter algo para aperfeiçoar. na hora de agir, eu me concentro em dar o meu melhor e faço nascer primeiro, depois faço ficar bom (frase de Pinterest).
você precisa ter plano B e plano C para cada coisa que pretende fazer.
um plano com B de “básico” e um com C de “com tudo". uma versão "mínima", uma versão "extra". talvez você que me lê não seja minha aluna*5, mas eu repito exaustivamente como é importante manter o planejamento “vivo”. isso significa contar com os imprevistos e revisar o planejamento constantemente. se eu não começo o meu dia sabendo o que é a prioridade (não porque é um incêndio a ser apagado, mas porque eu a elegi como importante), e quais são as tarefas pontuais e de manutenção, eu fico perdida. e por isso é tão importante ter um planejamento da semana, porque se eu não posso concluir algo hoje, posso puxar uma tarefa de amanhã e não “perco meu dia”. eu vou rapidamente para o plano b, enquanto o plano a volta para a revisão. se você quer dar conta de mais coisas, precisa saber minimamente como contornar os imprevistos que vão acontecer. e, caso sobre tempo e recursos, precisa saber exatamente qual é a prioridade no próximo nível, o que nos leva ao próximo tópico.
você precisa pensar muito bem 2 ou 3 vezes por semana.
para não pensar demais no dia a dia. quanto mais minúcia no planejamento, melhor a execução. quanto mais pobre o planejamento, mais dificuldade na hora de fazer. se você afiar sua capacidade de planejar sua semana sem engessá-la, vai conseguir fazer muita coisa, eu te garanto. e, no começo, uma “visita” ao planejamento não é o suficiente. quanto mais coisas acontecendo, mais importante é atualizar o plano da semana. esse plano não precisa ser complicado, ele precisa estar atualizado, e atualizar mais vezes melhora o seu desempenho no geral, porque te permite tomar decisões mais rápido, com informações pertinentes. aí, na hora de entrar em ação, você pode colocar toda sua energia apenas em fazer.
você precisa dormir muito bem.
precisa de suplementos, possivelmente. precisa tomar sol e suas retinas precisam de uma dose diária de luz natural. você precisa de atividades físicas e de musculação — repare: atividades físicas (andar, subir uma escada e outros exercícios como yoga e alongamento entram aqui) & musculação. todo mundo precisa de músculos, mas mulheres PRECISAM de músculo. e você precisa estar saudável, prosperando fisicamente, não apenas “não ter nenhuma doença” — ponto, fim de papo e sem discussão. eu espero que quem me pergunta como eu dou conta de tudo tenha em mente que, sem esse básico, não é possível nem começar a dar conta do mínimo.
você precisa se sentir bem com você
mesmo que seja superficial e temporariamente, com um batom vermelho ou um mísero hidratante. todo dia, sua primeira meta é se sentir bem na sua própria pele. esse é um dos meus maiores ativadores de produtividade: quando eu me sinto bem, eu quero viver mais. para mim, me arrumar é como colocar um paspatur *6e uma moldura bonita no quadro — eu poderia simplesmente pendurar a tela na parede, mas esses itens protegem a arte e realçam o que ela já tem. sim, estou nos comparando a uma obra de arte. tem dias em que você não vai se sentir atraente ou convidativa, e não importa, porque isso não é para o conforto e aceitação dos outros, é para você. o que você pode fazer para literalmente estar mais confortável do que “socialmente aceitável”? foque nisso.
você precisa cortar alguma coisa, por curtos períodos de tempo.
isso é deixar um pratinho cair*7, versão premium. antes de algum pratinho cair, eu retiro, envolvo em plástico bolha e coloco cuidadosamente de volta na caixa. retirar um elemento da sua rotina por uma temporada e depois voltar a ele, nesse mundo de excessos, é a coisa mais saudável a se fazer. eu intercalo temporadas de acordar muito cedo e, portanto, sacrificar o rolê. temporadas sem redes sociais, ou sem Netflix, ou sem comprinhas. e depois volto a trazer isso para minha vida. assim como tenho fases de estar fazendo muita pesquisa, fases de gravar muita coisa, fases de lives e fases de sumiço. a gente nutre essa ilusão de “constância” (e “como ter constância” provavelmente vai ser a próxima minissérie aqui no Sendo), quando nada na natureza produz da mesma maneira todo dia. você pode esperar algo “despencar” ou pode escolher o que vai deixar de lado por um tempinho, sabendo que jajá você volta, que nada está quebrado e tudo está sendo cuidado. se você sabe bem o que vai fazer no lugar do que está cortando (por exemplo, cortando as redes sociais, mas já se organizando para o hábito que vai colocar no lugar quando bater o impulso de abrir o Instagram), é muito possível, e bem mais fácil você nem vai acreditar. e a reintrodução gradual é recomendada, ok? não se jogue de volta com muita força.
você precisa pensar um pouco menos em si mesma.
essa pode doer um pouquinho, mas é outro jeito de dizer que precisa tirar as rédeas da sua vida das mãos do ego. o ego é importante, mas no comando ele faz um estrago. não estou dizendo para você ser mais altruísta ou boazinha. mas, sei lá, leia um livro de ficção ao invés de autoajuda. leia um artigo interessante ao invés de se comparar com as pessoas no Instagram. ouça música, dance, asse um bolo e pare de ser auto-obcecada. a sociedade não está nos tornando egocêntricas na essência; hoje ela ataca superficialmente. ela nos coloca em um projeto de autodesenvolvimento tão elaborado que é quase imperceptível, mas estamos o tempo todo pensando em nós mesmas e isso drena a energia. é claro que você tem que se priorizar, e se amar, e se cuidar. mas você percebe a diferença de quando alguém te ama e quando alguém é “obcecado”*8 por você? você quer um amante ou um stalker? largue o o mapa astral e vá ler Clarice.
ps: “mas, Nan, eu faço tudo pelos outros” — errado. você faz tudo para que os outros tenham uma determinada imagem de você, o que é natural, mas você perde um baita tempo com isso.
você precisa ter na agenda dias de "saco de batata".
seja muito diligente ao ser improdutiva, se comprometa. quanto maior é a pressão na minha vida, quanto mais áreas estão demandando de mim, mais eu ritualizo meus momentos “de saco de batata”*9. o “saco de batata” é um estado de espírito de quem não consegue fazer nada além de existir. que pode pedir um dia todo (um sábado, por exemplo), um período (depois do almoço, para mim), ou um tempo mais curto (40 minutos de Tiktok cronometrados).
o importante é levar a sério: ter semanalmente momentos escolhidos para a improdutividade, sem preguiça de se preparar para fazer “vários nadas”. é para ser gostoso, e desfrutado, não algo que "acontece". quase como uma preguiça preventiva. e veja, aqui é onde entra você pensando “ah, mas você não se sente culpada?”. e a resposta é, às vezes sim, mas mantenho o plano porque eu me preparo pra isso e, no geral, isso aumenta a qualidade do que faço — é um investimento. mesmo que eu não esteja “na vibe” de não fazer nada, eu tento tirar um momento do dia, ou um dia por semana para fazer o mínimo possível.
e tenho algumas regras: 1. eu não fico de preguiça na cama, a não ser que esteja menstruada. a cama é um lugar sagrado e meu delicado sono precisa entender que, assim que eu me deito, vou dormir. por isso evito qualquer atividade que não pertença naturalmente a cama 2. eu não chuto o balde com meu auto cuidado nesse dia (beber água, me alongar, me nutrir decentemente, etc), não é um dia de desleixo, é um dia de descanso e improdutividade.
você precisa extravasar.
precisa liberar geral. precisa se permitir regularmente. eu gosto do termo em inglês “blow off steam” (soltar vapor), como se fôssemos uma locomotiva e soltar o vapor fosse parte do nosso design. nesse momento, você pode estar sendo improdutiva pelo simples fato de que há vapor demais pra ser descarregado. você pode ir pro caminho da corrida, do muay thai, do crossfit. pode ir pro caminho dos bares, das festas, dos rolês. pode ir pro caminho dos hobbies, dos projetos paralelos, dos trabalhos voluntários. mas pelo amor da Deusa, dê um rolê e você vai ouvir. você precisa liberar energia em outras coisas, coisas que você escolheu e momentos que você escolheu. do contrário, seu corpo e sua mente vão escolher quando extravasar, e vai ser em cima de algo ou alguém.
você precisa focar no essencial
se eu tenho algum tipo de resultado favorável, se levo a vida que sempre sonhei (e vamos voltar a esse tópico em breve), se tenho algum tipo de cenário que outras pessoas gostariam de ter e não têm, é porque, no fim do dia, eu me treinei para focar no essencial. treino mesmo. e esse é o tema da próxima edição.

olá, amadoras!
tirei um breve período off da newsletter, e já estou de volta. essa semana também foi de muita reflexão sobre o próximo ano, o que faz sentido, o que quero que prospere mais e o Sendo Amadora definitivamente é a primeira coisa que me vem em mente. se você gosta deste conteúdo, saiba que à partir de janeiro de 2025, voltarei com as assinaturas pagas e 95% do conteúdo será exclusividade das assinantes. cheguei a conclusão de que quero reajustar o valor da assinatura mensal para menos, para que mais mulheres possam assinar. então as assinaturas estarão mais baratas por um tempo, e uma vez que você assina por um valor, o Substack o mantém mesmo que eu suba, e eu acho isso maneiro. (: com mais assinantes, também prevejo maiores oportunidades de criação e isso me deixa muito feliz.
nos vemos semana que vem.
eu estive de molho, então hoje só temos achados da internet, nenhuma novidade substancial:



caso você tenha perdido o memorando, sou coach de saúde integrativa. sim, COACH, que loucura.
no fim do dia, somos todas Manu Cit, e as pessoas adoram odiar quem trabalha com a internet.
essas sugestões vêm em tom mais pessoal, mas lembrem que, para um passo a passo detalhado e eficiente, pô, eu não tenho dicas: eu tenho uma fckn empresa inteira. eu não vou fazer propaganda da Alta Presença aqui, mas sei que tenho alunas me lendo. assistam aos cursos que vocês já compraram e coloquem em prática; vocês precisam confiar no processo, ao invés de fugir para “as dicas” quando o processo fica difícil. meus cursos são literalmente sobre “dar conta” das tarefas do dia, dos planos de longo prazo, do trabalho como autônoma… não importa como eu, a Manu cit ou o Paulo Muzy damos conta de nossas vidas, você já investiu em aprender a dar conta da sua! foque em você! esses cursos foram criados muito cuidadosamente, vírgula por vírgula, obsessivamente para dar resultado. eu não sou uma blogueirinha compartilhando dicas de produtividade e sua rotina de influenciadora. eu sou uma blogueirinha com uma rotina de influenciadora, mas formada como integrative health coach com 5 anos de experiência no mercado digital e 15 anos de pesquisa sobre produtividade feminina. por mais que eu tenha essa aura de “gente de internet”, eu não sou uma vendedora de cursin online, eu sou professora — coisas bem distintas. me respeita. se respeita. e vai estudar o curso que você já pagou, tá bem? 🖤
e super funciona ouvindo música junto:
quando fazíamos corpo mole para alguma tarefa, minha avó perguntava “você é um homem, ou um saco de batata?”. eu sempre respondia “um saco de batata".
eu amo a maneira carinhosa que você tem pra falar sobre coisas difíceis de ouvir! é bom se sentir abraçada e provocada ao mesmo tempo…
Esse texto me tocou forte num dia (aliás, período da vida) que estava sendo difícil e liberou um tanto do vapor da locomotiva como vc diz hehe